Eu cresci sabendo que era preta.
Minha pele é mais escura, meu cabelo não é liso, minha mãe é preta, minha vó era preta e minha bisavó, também preta e filha de africanos, nasceu ainda na senzala.
Eu não achava que isso fazia diferença na minha vida, até que algumas pessoas e situações me fizeram acreditar que eu valia menos por isso.
Não falar sobre essas situações, não me faz branca. Negar ou omitir não muda o que é. Sou preta. E a cor da minha pele já provocou olhares desconfiados, injúrias raciais, entre outras situações que me fizeram crescer com um sentimento enorme de desvalor e inferioridade. Meus psicólogos sabem do que eu estou falando.
Penso que, uma nova visão deve ser trabalhada ainda na infância, para que mais cedo compreendam que a cor da pele ou a textura do cabelo são só características. Ninguém é menos capaz ou "mais bandido" porque tem pele preta.
Discriminação existe em todo lugar, de várias formas.
Não falar sobre isso, não faz ela acabar.
Olhar, aceitar que existe e trabalhar o assunto são os primeiros passos para uma mudança de paradigmas. E quem sabe, mudar o resto da história.